PROJETO DE RECUPERAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DAS RAVINAS DO CAOP
 
 
Resultado da impermeabilização das bacias hídricas, as Ravinas apresentam um elevado estado de degradação e erosão, o que implica maiores caudais, velocidades de escoamento e menores tempos de concentração das águas nas linhas de água. A autoconstrução espontânea em Angola têm vindo a criar e a agudizar este problema, que se traduz nos espaços urbanos e rurais em elevados prejuízos materiais e, por vezes, em catástrofes humanas. Torna-se assim cada vez mais urgente desenvolver ações que sejam capazes de responder à estabilização e consolidação das Ravinas, o que implica obrigatoriamente ações diretas sobre as linhas de água que visem a sua recuperação, e ações com as populações no âmbito da educação ambiental para que se promova a conservação das linhas de água que estão em bom estado e se assegure o sucesso das que serão recuperadas.
A proposta que se desenvolveu para as Ravinas do Caop e seus afluentes consiste num projeto de integração/recuperação paisagística que repõe o funcionamento do sistema hídrico de modo seminaturalizado, mas que também considera a perspetiva evolutiva do ecossistema no sentido de progressivamente se renaturalizar.
Os princípios compositivos foram estruturados do seguinte modo: delimitação espacial da área das Ravinas e seus afluentes e desimpermeabilização, quando possível, aplicando-se nestes espaços revestimento vegetal; introdução de açudes sucessivos visando a redução da velocidade do escoamento das águas de drenagem; aplicação de sistemas de consolidação pontuais com materiais inertes em locais sujeitos a maior erosão; revestimento com elementos herbáceos em grande densidade e com grande desenvolvimento radicular no sopé e nos taludes da Ravina; no coroamento aplicação das mesmas gramíneas e ainda de árvores e arbustos garantindo-se uma maior quantidade e densidade de raízes a diferentes profundidades tentando-se estabilizar os limites da área da Ravina. Sendo zonas mais planas, as grandes densidades e a oportunidade de rega assegura a estabilização dos limites/coroamento da Ravina.
Tendo-se consciência que se torna necessário relacionar positivamente a população com a Ravina foram tomadas medidas nesse sentido introduzindo-se espécies ornamentais de flor e de fruto tornando o espaço aprazível (a Ravina como um Espaço Verde no Musseque), instalação de painéis formativos/informativos e implantação de pontes pedonais e rodoviárias que asseguram atravessamentos e organizam o sistema de circulação dentro do Musseque.
A proposta que se desenvolveu para o espaço não só pretende fazer a integração paisagística/recuperação da Ravina no sentido de repor um sistema hídrico seminaturalizado, como também, através dos elementos construídos (pontes, açudes) e elementos naturais, pretende tornar o espaço aprazível e levar as populações a respeitar a linha de água.

Promotor:
Ministério do Urbanismo e Construção da República de Angola

Local:
Luanda, Angola
  Área:
2.1ha

Coordenação e projeto:
Laura Costa, Renata Amaral
  Arquitetura:
Soapro Sociedade Angolana de Projetos, Lda.

Data de projeto:
2012
 
 
2013, Laura Roldão Costa - Arquitetura Paisagista
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